Tocar e ser Tocado


É claro que ser discípulo de Jesus não é para todos… mas também não é para os melhores! É para os que têm “aquilo”… que eu não te sei explicar o que é, mas que tem a ver com a capacidade de deixar Jesus mandar, entregar-lhe o domínio, ser capaz de fechar os olhos e admitir que ele não falhará, mesmo se nós falharmos… tem a ver com confiança… tem a ver com ser maior do que as regras da sensatez que nos faz querer ser meninos bem comportados a vida toda…

Ser discípulo de Jesus não é para todos… mas também não é para os melhores! É para os que têm “aquilo”… que eu não sei dizer o que é ao certo mas parece-me que tem a ver com deixar-se pôr em causa e ser capaz de mudanças… “aquilo” acho que tem a ver com ser capaz de depositar Fé em alguém…

O seguimento de Jesus é uma experiência de Fé. Para nós, hoje, é fácil confundirmos Fé em Jesus com a crença nos dogmas e títulos cristológicos: chamamos-lhe Filho de Deus e dizemos que acreditamos; dizemos que ressuscitou e acreditamos… Mas ter Fé em alguém é coisa diferente, não é? Não é uma questão simplesmente religiosa ou dogmática, não coincide com a crença em títulos religiosos…

Vamos antes disso?

Quando aqueles primeiros, que já olhavam o mestre com alguns “dogmas” também, viram morrer isso tudo… Olhavam para o Mestre como Messias Davídico, olhavam para o Reino como restauração política… e outras coisas.
Na morte de Jesus morreram todos os dogmas e ficou Jesus só, a sua Vida ficou a nu! A vestimenta Dogmático-Messiânica foi-lhe retirada, lançada em sortes pelos soldados romanos e, na sua morte, rasgada de alto a baixo como o Véu do Templo. Ficou Jesus só, e a sua Vida a nu!

Então, naqueles três dias diante disto dentro de si, o Espírito encontrou as condições para fazer deles aquilo para o qual Jesus os preparara… Pela experiência pascal, redescobriram o Mestre de maneira nova. Agora viam-no novamente digno, vivo, revestido com a abundância do Espírito de Deus que o amava como o tal Abba de que ele lhes falara, revestido da confirmação divina da sua maneira de viver, que tantas vezes os tinha escandalizado e surpreendido… e a sua morte na cruz tinha sido o momento maior desse escândalo e surpresa…

Depois é que começaram a chamar-lhe “o Senhor”, o Vitorioso, o Vivente… E, a partir daí, começa a história dos títulos cristológicos, ou seja, muitas maneiras de tentar dizer a abundância do Poder Salvador que Deus actua nele e através dele. Muitas maneiras, muitos títulos, muitas linguagens, porque é uma Boa Notícia que não se esgota…

Mas antes… antes, a origem evangélica da Fé em Jesus tem a ver com ter Fé nele dando crédito à sua Notícia. Acreditar que ela é Boa, e dar-lhe crédito! Dar-lhe crédito a ponto de o seguir, dar-lhe crédito a ponto de deixar/possibilitar que essa Boa Notícia trazida pela sua presença actue em nós como renascimento, libertação e vocação…

Por isso é que Jesus diz sempre: “Foi a tua Fé que te salvou!” Talvez façamos poucas experiências de Salvação no concreto dos nossos dias por não estarmos muito “treinados” nesta Fé no sentido do Evangelho, ou seja, de dar crédito à palavra de Jesus a ponto de acreditarmos mesmo que é verdadeira, eficaz e actual.

Ficamo-nos muitas vezes pela “fé religiosa” à procura das transformações, esperando sinceramente que Deus faça qualquer coisa…

A Fé Evangélica é um acolhimento… como dizer isto? Ter Fé é Acreditar a Boa Notícia de Jesus, de tal modo que a tornamos eficaz em nós. É mais do que Acreditar NA Boa Notícia… é Acreditar A Boa Notícia. Mais do que acreditar nela é acreditá-la em nós mesmos! Este é o caminho das maravilhas a acontecer na nossa Vida… Dar-lhe crédito é dar-lhe eficácia. “A tua Fé te salvou! A tua Fé te curou!”

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